Solidariedade
Construindo muito mais que sonhos
Mãe e filha que haviam perdido casa e pertences nas Doquinhas em outubro voltarão a ter um lar
Paulo Rossi -
Diversas mãos se uniram para construir um direito básico a uma família: a moradia. Moradoras das Doquinhas e desabrigadas desde outubro por conta de uma enchente, hoje, mãe e filha enxergam um novo lar criando forma. O pontapé inicial para tornar o sonho realidade foi da Ocupação Canto de Conexão, que com auxílio de universidades locais, empresas, moradores de outros bairros e amigos está conseguindo devolver casa e dignidade à família Fernandes.
Desempregada, Patrícia Fernandes, 37, afirmou que sem o empenho da Ocupação, a chance de ter a casa de volta não existiria. O desabafo é da mãe da pequena Marina Joana, de apenas oito anos, que para o novo lar fez um pedido especial: ter um cantinho para tomar chimarrão. A casa da dupla já estava danificada devido às enchentes dos últimos anos, mas com a última, a estrutura não aguentou e acabou sendo levada pela enxurrada. Junto com ela, todos os móveis e pertences acabaram sendo perdidos. De lá pra cá, Patrícia e Marina têm uma missão: recomeçar.
Desde então, mãe e filha estão morando em uma casa emprestada. Mas do início do mês até hoje está sendo possível sonhar, e melhor que isso, realizar. Pois as obras, parcerias e doações começaram. De acordo com a coordenadora de projetos da Ocupação, Marielda Barcellos, a iniciativa de construir uma nova casa para a família vai de acordo com tudo que a Ocupação acredita, que é discutir o direito à cidadania e à moradia. A ligação afetiva pelo local e pela família foi o que motivou os integrantes da Ocupação a se unir e procurar maneiras de reconstruir o lar de Patrícia e Marina. Com a obra praticamente finalizada, o grupo de estudantes começa a pensar o entorno, que também está visivelmente afetado, tanto pelas enchentes como pelas condições históricas e desiguais que a periferia carrega. “Queremos começar a colaborar com os outros moradores também”, afirmou Marielda.
O desejo de quem reconstrói a edificação é que ela fique pronta até domingo, assim mãe e filha poderão esperar 2020 na própria casa. Marielda destaca que nada disso seria possível se toda a comunidade não tivesse acolhido o pedido de ajuda. “Mesmo quem não está aqui todo dia é responsável por essa ação”, salienta. Com o semblante de quem está concluindo mais um dever, a coordenadora se diz feliz e agradecida pelo esforço de toda uma rede que possibilitou dignidade e sorrisos à família Fernandes.
Em outubro, quando viu que casa e bens materiais tinham sido levados, Patrícia conta que só existia uma palavra possível para descrever a situação: vazio. Hoje, podendo ver o novo lar com paredes erguidas, ela garante que o vazio foi preenchido. “Agora está tudo cheio”, brincou. Mesmo já conhecendo a maioria dos integrantes da Ocupação Canto de Conexão, é a primeira vez que ela acompanha o trabalho do grupo, e garante que o sentimento é de gratidão, pois a partir de agora “terei um cantinho para morar com a minha filha”.
O Ano-novo de Patrícia e Marina não será marcado apenas por desejos de sonhos realizados e prosperidade, será marcado por ações. Ações essas que fomentaram a união de pessoas e instituições que foram capazes de realizar um sonho, que, na verdade, não deveria ser sonho, mas sim um direito: um teto para acolher e uma cama para dormir, assim como é garantido na constituição.
Ajude!
Mesmo com o material da obra garantido, a família ainda precisa de doações. Móveis e roupas são necessários, visto que tudo foi perdido. Quem tiver interesse em colaborar pode entrar em contato com a Ocupação Canto de Conexão por meio da página no Facebook: https://www.facebook.com/cantodeconexao/
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